terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Sentido da Flecha

Dói mas não há feridas, tudo o que tenho são emoções dilaceradas por olhares, comentários soltos, reflexos de um passado assombroso onde nada deveria ser lembrado, mas as sensações estão à flor da pele. A dor mais intensa é causada sem a mínima intenção, ela surge através de pensamentos soltos que de tão desconexos se unem em laços tortos para causar uma série de “porquês” e “se...” sem fim, então a mente aperta e faz o coração doer... Se for mentira? Ilusão? Apenas desejo? Será amor? Porque eu? Se... não for eu? Se... houver arrependimento? Se... causar dor? E se...
Então? Lançarei a flecha ou a impedirei de partir?
Soltei-a, ela seguiu seu curso e atingiu o centro do alvo, dessa vez os questionamentos são para saber se foi correto escolher aquele, não devo questionar a segurança do finco na flecha, pois, sinto que o centro foi pego em cheio, mas há uma insegurança sobre pertencer ao alvo ou ele a mim, tudo ou nada.
Seguirei meu caminho sabendo que conquistei algo que não me pertence, tentarei acima de tudo controlar meus “porquês” e “se...”, mas sei que encontrarei obstáculos na margem desse caminho, percorrê-lo-ei, sem saber o destino das minhas emoções, toda dor passa e toda lembrança adormece, acalmarei as tempestades em meu coração para que no fim da jornada eu possa saber que valeu a pena carregar o peso do arco por tanto tempo.

O arqueiro sabe que o arco é o seguimento de sua mão.

Me ensina a solidão de ser só dois ?


Mas se antes era meu melhor amigo de quê devo chamá-lo agora, já que meu corpo tem seu cheiro e minha boca seu sabor, em que devo acreditar agora que meu coração se encontra em um carnaval? Estava perdida em um abismo onde só conseguia ouvir o som da sua voz me chamando, podia apenas sentir a sua presença, então pude ver sua mão e sem pensar duas vezes agarrei-a com toda força que me restava, você me ergueu e ofereceu um caminho onde tudo que eu vi e vivi não havia mais, onde todo o passado se traduzia e você me mostrou que não eram verdades as coisas que ouvi, comecei a perceber que o mundo era bem diferente de tudo o que havia acontecido.
Sussurros, respiração acelerada e o coração em batidas frenéticas, nada é como antes nem o pôr-do-sol, nem o amanhecer, sinto cada vez mais segurança quando aperta a minha mão. Tenho meu amigo aqui e... o meu amor também então pintarei meu nariz e brincarei de ser feliz.

Deixa eu brincar de ser feliz?

Encontro


Tinha que ser assim, meu sorriso mais sincero, meu amor mais sereno, minha insegurança mais certa, meus desejos mais bem guardados, a melhor parte de mim em uma fração de segundos exposta e sem qualquer proteção, me encontrei vulnerável quando percebi seus olhos dentro dos meus, então senti o calor da sua pele, todas as minhas suspeitas se confirmaram, tinha de ser você.
A noite caiu e a lua brilhou no céu, me aqueci em seus braços senti seu cheiro e rezei para que aquele momento fosse eterno, para que aquela sensação não passasse, para que se não perdesse ao nascer do sol. As inseguranças amanheceram comigo, mas você estava lá ao meu lado me protegendo e me dizendo que pegamos o caminho certo, que eu não me preocupasse se o futuro era incerto, porque todas as incertezas haviam acabado ali naquele momento, de agora em diante “sou porque tu és”.
E foi assim que percebi o que esteve todo aquele tempo ao meu lado, dádivas serão sempre dádivas, não é mesmo?

“Vem? Sonhos dão trabalho.”